Uso do Sistema PMB® – Palha, Muda Alta e Biofertilizante – economiza mais de 70% do uso da água na irrigação, restaura a fertilidade do solo e reduz custos de produção
Colaboração especial de Fernando Franco Amorim, pirajuense, biólogo e gestor de agronegócio da Casa da Agricultura de Avaré Contato: francopiraju@gmail.com
Desde 2012 a Estância Turística de Avaré desenvolve projeto de Agroecologia e Produção Orgânica entre os agricultores familiares do município, envolvendo os consumidores, estudantes, técnicos e a população em geral. Tudo começou em 2009 quando os técnicos da Casa da Agricultura/CATI Regional Avaré iniciaram o fortalecimento de um grupo de produtores rurais, no âmbito do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias 2 – Acesso ao Mercado. Estes agricultores estavam interessados a entregar seus produtos na merenda escolar através do PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar.
Entre 2013/2014, a CATI Regional Avaré em parceria com o Instituto Federal de Educação, Ensino e Tecnologia do Estado de São Paulo criou o Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica – NEA AVARÉ através de edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. A partir desse marco referencial, uma série de cursos de capacitações e treinamentos, palestras, encontros, dia-de-campo, oficinas e eventos técnicos foram realizados aos agricultores e consumidores, sempre com ênfase nos sistemas orgânicos e agroecológicos de produção e inovação tecnológica.
O NEA envolve agricultores familiares, professores, estudantes, técnicos, pesquisadores, consumidores e instituições parceiras e colaboradoras, integrando atividades de ensino, pesquisa e extensão rural visando à construção de uma rede de conhecimentos e práticas relacionadas à agroecologia e aos sistemas orgânicos de produção.
Iniciativa contempla sustentabilidade e leva saúde à mesa dos consumidores
Fernando Franco, biólogo e técnico de extensão rural da Casa da Agricultura de Avaré/CATI, explica que a agroecologia, reconhecida comumente agricultura alternativa, “vai além de uma simples técnica de produção que permite produzir alimentos sem agrotóxicos e utilizando adubos naturais”. Os seus benefícios incluem também a preocupação com a sustentabilidade dos recursos ambientais e com as questões socioeconômicas e de segurança alimentar e nutricional das comunidades, bem como o fortalecimento dos circuitos curtos de produção-e-consumo e aspectos da economia solidária.
“No cultivo orgânico ou agroecológico as plantas tendem a ficar cada vez mais resistentes aos ataques de pragas e doenças, já que a fertilidade e a microvida do solo são restauradas e não são utilizados adubos químicos solúveis, inseticidas, pesticidas, defensivos e agrotóxicos em geral, que possam contaminar o solo, as águas e as pessoas”, explica Franco.
O projeto teve início com quatro agricultores e, atualmente, são orientados 15 agricultores de Avaré, Cerqueira César, Paranapanema e Itaí que integram a Associação Orgânicos Avaré, instituição criada a partir de uma Organização de Controle Social (OCS) registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e que realiza a venda direta dos produtos agroecológicos e orgânicos aos consumidores desde o dia 13 de abril de 2016, data da inauguração da “Feira Orgânicos Avaré” e do sistema de delivery de cestas orgânicas.
A partir do trabalho de ATER-Assistência Técnica e Extensão Rural da Casa da Agricultura de Avaré/CATI com os agricultores locais e o pesquisador Sérgio Pimenta (Ecologia Aplicada), foi desenvolvida uma tecnologia de produção denominada Sistema PMB® – Palha, Muda Alta e Biofertilizante, que é quase como um “plantio de hortaliças direto na palha sem herbicida”. Essa tecnologia foi criada nas Unidades de Adaptação de Tecnologia (UATs) e a grande vantagem desta tecnologia é que ela permite a economia de até 70% da água usada na irrigação, a redução da mão-de-obra, a restauração da fertilidade do solo, a redução do custo de produção, aliando produção agrícola e conservação ambiental.
Resultados
Franco aponta que devido ao impacto positivo do uso do Sistema PMB® e das ações do projeto de Agroecologia e Produção Orgânica em Avaré, a tecnologia foi destaque em diversos eventos importantes, tais como o Seminário Paulista de Extensão Rural edições de 2015/2017/2018 e VI Congresso Latino-Americano de Agroecologia 2017. “Este trabalho culminou com a premiação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) como uma das melhores técnicas de ATER do Estado de São Paulo, publicada no livro “Caderno de Boas Práticas de ATER” (2016) e a edição do livro “Plantando Sonhos: Experiências em Agroecologia no Estado de São Paulo” (2018), publicado pela Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, que conta com detalhes todo o trabalho realizado na Rede Sociotécnica em Agroecologia criada em Avaré. Atualmente, a tecnologia desenvolvida em Avaré-SP está sendo objeto de um estudo de caso do pesquisador Armênio Katounian, da ESALQ/USP”, explica o técnico da CATI.
Mais informações:
Casa da Agricultura de Avaré
14-3733-7757 – ca.avare@cati.sp.gov.br
*Fotos: Fernando Franco Amorim
Gratidão por ter conhecido esse projeto.
E me tocou tanto que hoje sou parte
dele, ou ele é parte de mim…ainda não
sei, talvez somos um.