Andreia Brassero e José Carlos Santos têm, juntos, mais de 300 medalhas e 150 troféus

Casal conhecido da maioria dos pirajuenses, Andreia Brassero e José Carlos dos Santos estão há mais de três décadas marcando presença na vida esportiva da cidade. Atualmente no atletismo, eles já se dedicaram ao ciclismo e à promoção de torneios de mountain bike nos anos 90.
Juntos, eles têm em casa um acervo de mais de 300 medalhas e 150 troféus conquistados em jogos regionais, corridas de rua e outras modalidades. Andreia, que sempre gostou de pedalar, começou a correr em 2003 só para acompanhar o marido, atleta desde 1984, e logo pegou gosto. José se envolveu com o atletismo na época do Tiro de Guerra, quando o sargento Ubiratan formou uma equipe de oito jovens de Piraju para participar dos Jogos Regionais de Presidente Venceslau. Depois disso, passou a participar de corridas de rua, da corrida São Silvestre de Piraju, nas modalidades convencionais de atletismo e ciclismo.
Ele é formado em educação física pela Universidade Estadual do Norte do Paraná de Jacarezinho. Desde adolescente, trabalhava na Bicicletaria Paraíba e, em 1995, junto com Andreia, iniciou o próprio negócio: a Bicicletaria Help Cicles, que funcionava na avenida Dr. Domingos Theodoro Gallo, próxima aos Três Cantos. Ele consertava as bicicletas; ela atendia a clientela.
O empreendimento durou dez anos, até que José Carlos sofreu o agravamento de sua retinose pigmentar e teve a visão comprometida de forma severa. Hoje, ele não tem mais a visão do olho esquerdo e; do direito, somente 5%. Em teoria médica, isso configura cegueira total, mas o atleta desenvolveu os nervos periféricos do olho e, por isso, ainda vê vultos, o que surpreende até oftalmologistas experientes.
Devido à condição atual de sua vista, José raramente participa de provas de rua, limitando sua atuação a provas de pista.

Superação
Além do problema congênito e degenerativo que culminou em sua cegueira, José Carlos sobreviveu a um acidente de moto sofrido em 6 de janeiro de 1990. Na ocasião, colidiu com uma perua Kombi na rua José Tertuliano Gonçalves, foi lançado a doze metros de distância, bateu numa árvore e caiu na calçada, sofrendo diversas fraturas na perna, braço e até no crânio – mas superficial. No hospital, passou por duas cirurgias e por pouco não teve a perna esquerda amputada. Passou 30 dias internado e, depois de muita fisioterapia e hastes de metal e platina nos ossos quebrados, voltou a correr sem nenhuma sequela do acidente.
Um conhecido que testemunhou o acidente comentou, anos depois, que chegou a duvidar que José sobrevivesse ao impacto.
Em 2016, teve tuberculose pleural e passou por seis meses de tratamento no pneumologista, ficando esse período sem treinar, uma eternidade para quem está habituado a correr diariamente há tantos anos. Bem como o acidente, a doença também foi superada.
Na maioria das vezes com recursos próprios, José e Andreia já representaram Piraju em dezenas de cidades e torneios. Já passaram por Fortaleza, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Uberlândia, Maringá, Campinas e em diversas cidades paulistas dos Jogos Regionais.
Desafios
Questionados se vale a pena ser atleta em Piraju apesar das adversidades e desafios muitas vezes enfrentados com o poder público, José e Andreia respondem que sim, desde que haja dedicação e apreço real pelo esporte e por aquilo que as modalidades oferecem.
Acreditam que, grosso modo, a situação atual dos esportistas em Piraju é melhor do que nos anos 80, pois hoje existe mais modalidades, mas falta um certo trabalho de base para formar atletas em mais esportes, algo além de futebol e canoagem. Desta última, José também participa por lazer quando está calor.
Sobre as vantagens da prática esportiva, mencionam a qualidade de vida, maior disposição e também a socialização proporcionada pelo esporte. No caso de José, a corrida funcionou como inclusão social. Na época da Bicicletaria, Andreia e José reuniam um grupo de amigos para pedalar até o Salto do Palmital, Águas de Santa Bárbara e, nesses percursos, viram muitas cachoeiras e paisagens naturais que, por si só, já valeriam a pena. Fãs da natureza, defendem a preservação do trecho vivo do Rio Paranapanema e o maior envolvimento da comunidade nas ações ambientais e esportivas da cidade.


