Tesler e Regiane, proprietários da Izunome, acreditam no poder transformador do conhecimento
Em tempos de crise econômica onde PECs limitam os investimentos em educação e cultura, diminuindo substancialmente o orçamento de instituições de estudo a ponto de incêndios acabarem consumindo 200 anos de pesquisas e história, tal como aconteceu com o Museu Nacional do Rio de Janeiro, faz-se necessário e inspirador ouvir aqueles que acreditam na educação e que fazem dela o motor da vida.
Há sete anos, a memória afetiva motivou Tesler da Silva, 31, a abrir sua própria escola em Piraju: Izunome, “equilíbrio”, em japonês.
Morador de Avaré até então, o professor conheceu Piraju ainda na infância, quando vinha com a família para frequentar a igreja. Acabou gostando da cidade e cultivando Piraju com carinho na memória. Durante o estágio no curso de Gestão e Negócios, descobriu que gostava de ensinar e que queria trabalhar com educação.
Após a formatura, voltou a Avaré e continuou trabalhando em escolas de informática, seja na sala de aula, na parte administrativa ou financeira. Depois de um período de experiência, decidiu abrir sua própria escola com o apoio dos pais e da esposa (namorada, na época) Regiane, 27.
O casal soube logo de início que Piraju seria onde concretizariam o sonho da escola. Numa primeira e breve visita, Tesler e Regiane já sentiram a receptividade das pessoas da cidade do peixe amarelo.
A escola começou oferecendo aulas de informática básica num pequeno laboratório. Tesler exercia todas as funções: era professor, administrador, gestor, proprietário… Ficou quatro anos morando em Avaré e trabalhando em Piraju, viajando todos os dias.
Hoje, casados, Regiane e Tesler dividem a gerência e o comando da escola, que agora também funciona como pólo da Unicesumar. Pedagoga, ela passa as tardes lecionando para crianças na escola Balbina Marques Galvão e depois retorna para a Izunome.
O PODER TRANSFORMADOR DA EDUCAÇÃO
Para Tesler e Regiane, a educação vai muito além da informática, da matemática, da pedagogia e de outras disciplinas básicas, pois tem uma magia que pode transformar mentes e vidas. É o caso, por exemplo, de vários dos mais de mil alunos das mais variadas idades que passaram pela Izunome ao longo de seis anos, que iniciaram os estudos na informática básica e depois chegaram ao ensino superior acreditando em seu potencial e ganhando autoestima com conhecimento.
A própria Regiane se considera alguém transformada pelo saber. Natural de Manduri, morou em sítio na infância e fez um curso de informática e auxiliar administrativo graças a um investimento fruto de grandes batalhas de seus pais. Depois conquistou um trabalho nas Casas Pernambucanas de Avaré e lá trabalhou por cinco anos, até que cursou Matemática e Pedagogia, trabalhou na Secretaria Estadual de Educação e, agora, na educação de crianças na rede municipal.
Embora possa soar clichê aos ouvidos de alguns, a Educação ainda é a base de tudo, principalmente nos tempos de crise, pois, via de regra, o estudo é a única forma de se conquistar algo na vida. “É um em um milhão que vai conseguir algo sem estudar”, comenta Regiane, que não abre mão do magistério: “A melhor coisa dessa área é saber que a gente se torna um elemento na vida de uma criança que nunca mais vai te esquecer”.
Já na opinião de Tesler, que leciona para todas as faixas etárias – da criança ao vovô – o maior prazer da profissão é ver os alunos colhendo frutos de seus esforços e saber que seu trabalho como educador contribuiu positivamente na vida de alguém.

