Entre salsichas em conserva, relógios e bebidas, um “mundo ao contrário” no Centro da cidade
Ele pode não conhecer todo mundo de Piraju, mas todo mundo de Piraju o conhece – talvez não pelo nome de batismo – João Carlos de Almeida – mas pelo apelido “Brimo” e pelo seu bar peculiar na rua Carlos de Campos, com letreiro de ponta cabeça, maços de cigarro virados ao contrário e pacotes de salgadinhos e pipocas também ao contrário.
Até a assinatura de Brimo é invertida, hábito que ele mantém desde os tempos de escola. “Sempre gostei de escrever ao contrário”, comenta, e revela que a preferência pela inversão das coisas não tem nada de superstição: trata-se simplesmente de puro marketing.
O comerciante é figura popular do Centro de Piraju. Ali ele nasceu, ali ele sempre viveu e dali ele espera nunca precisar se mudar. Brimo nasceu em 8 de janeiro de 1956, quando a família morava ao lado do atual posto Bizunguinha. Aos dois anos de idade, mudou-se para a residência nos fundos de seu bar, que antes era comandado pelo pai, o seleiro João Pedro.
O comércio, antes chamado “Bar Oriental”, existe desde 1970 e contém artigos de um bar normal e também de tabacaria. Brimo assumiu o estabelecimento cinco anos depois da fundação e, seguindo uma sugestão da galera do escritório de contabilidade, alterou o nome para “Bar do Brimo”, um nome que teria mais a ver com a origem síria da família.
PONTO DE ENCONTRO
Coisa típica da maioria dos bares, o Bar do Brimo às vezes vira ponto de discussão política, de debates diversos, de religião e de tudo. O proprietário nunca toma partido, pois tem amizade com gente dos mais variados tipos e deixa claro que nunca “perdeu o voto na vida”, pois ele não vota em ninguém. “Não gosto de política. Compensa muito mais pagar a multinha porcaria”, afirma, numa boa. Ele também não discute religião – quem fala pelos cotovelos é a clientela, sua amiga: “Adoro Piraju e não troco isso aqui por nada. Gosto de tudo nessa cidade, a começar pelo rio e também gosto muito das pessoas”, finaliza o popular comerciante.

