Aviso: se você não compreende ironia, sarcasmo e desaprova piadinhas com o Piraju way of life, interrompa a leitura por aqui, sem ressentimentos.

Naomi Oliveira Corcovia/ Théo Motta

Não é preciso ser gênio nem ter um olhar muito sagaz para notar que Piraju é uma terra, digamos, especial. O que faz dessa Estância um lugar especial não é simplesmente o rio que a divide ao meio em que, outrora, dourados e surubins agitavam-se em aquática escalada. Também não são as casas antigas dos tempos do café que compõem um conjunto arquitetônico pitoresco que chama atenção dos visitantes.

Nem natureza nem arquitetura: Piraju é o que é por causa do pirajuense, ou melhor, por causa das centenas e centenas de escritores, poetas, cronistas, articulistas, radialistas, jornalistas, artesãos, músicos, letristas, dançarinos, bailarinos, entalhadores de madeira, escultores, pintores, amadores, intelectuais, literatos, desocupados, filósofos de boteco, flâneurs e chatos de galocha no geral que, somados, constituem 80 ou 90% da população dessa localidade.

Mas qual seria o atributo que sobra no pirajuense e rareia no manduriense, no taquaritubano e nos demais gentílicos de nossa rica (de histórias) região?

A resposta, segundo o antropólogo jeca, seriam os efeitos causados pela ingestão de doses cavalares e diárias de água do Panema, pois o ouro azul dessa terra possui alta concentração de LSD (dietilamida do ácido lisérgico), formadas a partir das fezes dos dinossauros herbívoros que moravam nessa terra antes dela de chamar Piraju, São Sebastião, Tijuco Preto ou qualquer bosta. Esses grandiosos répteis (tão enormes quanto o ego do tijuquense) ingeriam diversos tipos de frutinhas que, na digestão, formavam a droga, excretada em seguida e acumulada aos montes em pilhas e mais pilhas de cocô dinossaurístico. Hoje, milhares de anos depois, essas pilhas de fezes dinossáuricas já viraram pedra, mas, quando chove, o LSD se desprende delas e atinge o lençol freático, fazendo com que o pirajuense diariamente ingira altas doses de alucinógeno.

Mas nem adianta sair procurando fósseis de dinossauros pelas barrancas do Paranapanema: quando o grande inverno atingiu o planeta, os dinos migraram para Marília. Aqui só sobrou cocô fossilizado. Essa é a razão pela qual nenhum dos 56 sítios arqueológicos pirajuenses conseguiu registrar a presença deles no Vale do Paranapanema, fato que por si só poderia transformar Piraju numa verdadeira Estância Turística. Aliás: bem como os répteis herbívoros cagadores de LSD descritos aqui, o aproveitamento turístico desse pedaço de mundo também não passa de lenda.

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