Em 1911, o escritor carioca Lima Barreto noticiava em crônica a venda do prédio do antigo convento da Ajuda, no Centro do Rio de Janeiro, para um grupo americano interessado em construir um hotel no lugar.

O referido convento era um prédio datado do século 17, cuja arquitetura, nos princípios do século 20, desagradava o gosto da burguesia ávida por referências estadunidenses e que rechaçava qualquer arte tupiniquim e tudo que era “made in Brazil”.

“O bonito envelhece; e bem depressa […] Não se pode compreender uma cidade sem esses marcos de sua vida anterior, sem esses anais de pedra que contam a sua história […] Quando eu me faço cidadão de minha cidade não posso deixar de querer de pé os atestados de sua vida anterior”, pontuou Barreto no jornal Gazeta da Tarde (edição de 21 de julho de 1911).

Piraju não teve nenhum convento no século 17, mas teve o Clube Nove de Julho no princípio do século 20, com seus bailes e jogos de carteado que reuniam a sociedade da época. Com o passar dos anos, o prédio foi descaracterizado de seu aspecto original – mas ainda bem que sobraram fotos.

 

Lateral do Nove de Julho, antes da descaracterização do prédio
Fachada atual do Clube Nove de Julho
Lima Barreto

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