Texto: Lana Oliveira Corcovia para o projeto OS DESENTREVISTADOS

A professora e coordenadora da rede municipal de ensino Maria Adriana Garrote Pasquarelli, de 51 anos, é uma conhecida ativista ambiental de Piraju. Esse ativismo cresceu com ela por conta de observar seus pais, comerciantes, separarem materiais diferentes para reciclagem e sempre economizar nos descartes.

Iniciou sua militância em defesa ao rio Paranapanema em 2002, no mesmo ano se juntou à ONG Teyquê-Pê, quando cursava o segundo ano na faculdade de pedagogia e planejava seu TCC sobre questões de preservação ambiental, falando a respeito do EJA.

Como Adriana nasceu e cresceu perto das águas do rio Paranapanema, crê que sua valorização também se deva às questões de identidade cultural, histórica, além de ambiental, ressaltando a ligação extrema que todos da cidade têm com essas águas.

Na saga da ONG, Adriana relata as realizações com a civilização pirajuense ocorridas quando todos se unem para agir contra as ameaças de uma nova de instalação de usina hidrelétrica, com a colaboração de apoiadores de instituições diferentes defendendo sua terra. Relembrando uma das maiores realizações, cita as manifestações e movimentos realizados em 2012, quando foi levantada a ‘’hashtag’’ #Vetachico, motivada por uma tentativa – fracassada, felizmente – dos vereadores da época de facilitar a entrega do rio aos barrageiros. A proposta dos vereadores nunca chegou à mesa do então prefeito Chico Pipoca, mas, diante da possibilidade, Piraju mobilizou-se fortemente pela defesa das corredeiras.

Contudo, ainda existe descaso com causas ambientais por parte da população devido à falta de conhecimento sobre a cidade. Há famílias inteiras que não conhecem os locais mais belos e significativos de Piraju, como a Floresta das Corredeiras e a Fecapi (nossa ‘’certidão de nascimento’’, já que os povos indígenas começaram o povoamento por lá).

Como trabalha na área de educação, Adriana sempre tenta unir a conscientização sobre nossa cidade e nosso rio juntamente com a educação. Em 2017, a grade de educação ambiental do município realizou uma programação para as classes do 1º ao 5º ano, aulas somente sobre Piraju. Esta grade ainda está sendo aprimorada, mas já é implantada desde o ano de sua criação.

Adriana explica que um eventual represamento das corredeiras de Piraju causaria déficit ambiental (com o aparecimento de doenças por conta de água parada e do desmatamento), desequilíbrios financeiros e perda de identidade da região.  Além do mais, quem acaba pagando (literalmente) por esses prejuízos é a própria cidade, já que a geração de emprego para pirajuenses é mínima em empreendimentos desse tipo. Com barragens, Piraju perde sua história, seus cartões postais, suas terras férteis etc..

Outros estudos indicam que, em relação à saúde pública, logo depois do último barramento realizado em Piraju, em 2002, foram realizados 400 pedidos exame de paternidade na região, isso porque trabalhadores que vêm de outras localidades durante os anos de construção de usina engravidam mulheres que acabam criando seus filhos sozinhas, sem qualquer ajuda do lado paterno.

Hoje na presidência da Organização Ambiental Teyquê-Pê, Adriana representa aquela militância antenada na história de nosso chão, apaixonada por Piraju e que batalha para que as corredeiras do “Panema” corram para sempre, banhando o futuro de todos os pirajuenses (incluindo aqueles que ainda nem nasceram). Um trabalho de resistência em prol de peixes, aves, plantas, microfauna, animais silvestres, mas, principalmente, em prol de todos nós.

 

 

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *