Comércio reúne gente de toda a região para um dedo de prosa, uma bebida, um causo das antigas

Pedro Bittencout (65) é um dos comerciantes mais populares da região. Proprietário do bar Central de Timburi e de uma loja de roupas que funcionam no mesmo prédio, seus comércios reúnem diariamente uma boa turma para discutir futebol, política e eventos festivos. Até os cães das redondezas pintam pelo seu bar em busca de vasilhas de água para aliviar a sede. Além dos causos, os clientes do bar podem assistir às partidas de futebol numa velha TV de tubo, apelidada de “tevê dos tempos de Dom Pedro Primeiro”.

O bar Central tem 40 anos de história. Antes de entrar no ramo, Bittencourt trabalhava na zona rural, na fazenda Conceição, bem como seus pais, Francisco e Isaura, mineiros que mudaram-se para Timburi, onde trabalharam na fazenda Domiciana. Além de Pedro, o casal teve outros filhos: Antônio, José, Rosa, Dalva, Aparecida, Benedito, Fátima, Teresa, Sebastião, Lourdes e Laércio, hoje espalhados pelo estado, cada um numa cidade diferente. Pedrão é viúvo de Aparecida Camargo, pai de Maurício, Adriano, Márcio e Renato e avô de Gabriela e Rayla.

Da infância na fazenda, lembranças e aprendizados provenientes da lida com a terra, no cabo da enxada, no arado e memórias das brincadeiras sem brinquedos. As crianças usavam a criatividade para transformar chuchus, abobrinhas e toquinhos de madeira em cavalinhos e personagens.

EVENTOS

Palmeirense, Pedrão já organizou campeonatos de futebol society com perto de mil pessoas na arquibancada, isso numa época em que o poder público não tomava parte nesses eventos e os próprios munícipes encabeçavam o projeto e faziam acontecer. Quem podia colaborava com alguma premiação sorteada em seguida para o povão que acompanhava os jogos. Em 99, a equipe do Bar Central do Pedrão saiu vencedora do campeonato e, depois da vitória, um grande churrasco foi servido para cerca de 600 pessoas, com atletas e torcedores de todos os times participantes. No começo dos anos 90, organizou também algumas rodas de viola em Timburi com o radialista Toni Silva.

Na opinião do comerciante, o celular e a televisão tiraram um pouco da vontade do povo de participar de eventos na rua. As reuniões, rodas de música, serões e jogos de antigamente eram mais gostosos. Contudo, Pedrão ainda organiza anualmente excursões para Aparecida do Norte e promove, em sua chácara a Reza de Santa Luzia, reunindo centenas de pessoas. A devoção à santa se fortaleceu quando recuperou a visão após três meses sem enxergar. Os encontros contam com brincadeiras, sorteios de cestas básicas, brindes, comilança e bom papo.

 

Pedrão (ao centro, de chapéu) e amigos Nivaldo Gonçalves, Antônio Lopes, Francilene, Vitor Germano, Anésio de Paula, Lourival Oliveira, Jair Caetano e Cláudio

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