Em 64, ditadura dissolveu União de Estudantes Pirajuenses

Invasão à sede de movimento estudantil contou com destruição de equipamentos e agressões físicas

(Agradecimentos a Antônio “Bidu” (na foto em destaque), Otávio Bueno da Fonseca e Théo Motta pelas informações: todos antigos componentes da UNESPI)

“A vida deve ser uma luta; e quem não sabe lutar, não é homem” (Lima Barreto)

De 1961 a 64, Piraju contou com a existência da UNESPI, uma união de estudantes da cidade que promovia eventos, bailinhos e torneios esportivos. Ligada à União Nacional dos Estudantes (UNE), a agremiação chegou a incomodar a parcela conservadora da cidade na época.


Sediada na rua Treze de Maio, no Sindicato Rural, a UNESPI teve suas instalações invadidas pela polícia quando os militares assumiram o poder em abril de 1964. Supostamente buscando documentos de teor subversivo, os invasores danificaram móveis, quebraram a máquina de escrever e até a mesa de tênis de mesa que divertia os membros nos momentos de lazer, além de rasgar cartazes e agredir os jovens que lá estavam.
Nem só de festejos e encontros juvenis vivia a União de Estudantes Pirajuenses: os associados chegaram a implantar um belo projeto de alfabetização de adultos da zona rural do município pelo método de Paulo Freire, colaborando voluntariamente com a sociedade numa época em que praticamente 40% dos brasileiros não sabiam ler.
Os alunos também mantinham o programa “Sabatina Estudantil” semanalmente na rádio Difusora e o jornal “Ver, Julgar e Agir”, impresso em mimeógrafo e que perturbava a direita pelo teor político e “esquerdista” aos olhares reacionários.
Após a invasão da sede, a UNESPI foi transferida para o salão paroquial (nos anos 60, o padre Aristeu Cirillo era envolvido com as questões estudantis e apoiava o movimento dos jovens), mas a situação política do Brasil, associada com a divisão de ideias da sempre conservadora Piraju propiciou somente uma curta sobrevida à União dos Estudantes Pirajuenses, que encerrou atividades e fechou as portas definitivamente pouco depois que o militarismo ascendeu ao poder.
Às vésperas das eleições presidenciais, que o breve relato sobre parte da história da UNESPI inspire os pirajuenses a votar da forma mais consciente possível.

Livros de atas da UNESPI, guardados e mantidos por Bidu.
Parte de lista de presença de reunião da União de Estudantes Pirajuenses

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