Setores da sociedade mobilizaram-se para ensinar o beabá a adultos analfabetos
No ano de 1947, o então Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, cria a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). A campanha estimula a criação de programas nacionais de educação num movimento que foi capitaneado internacionalmente, com a participação até da UNESCO. Foi a primeira atitude do governo brasileiro para combater o analfabetismo, que assolava uma fatia enorme da população.
Ensinar o beabá aos adultos analfabetos correspondia aos anseios do desenvolvimento econômico, algo que agradou em cheio à elite brasileira, que imaginava que a campanha significava o combate ao marginalismo.
Nesse mesmo ano acontece o primeiro Congresso Nacional de Educação de Adultos que trouxe em seu bojo o slogan “ser brasileiro é ser alfabetizado”.
A campanha de alfabetização de adultos do governo federal de 47 ecoou em Piraju, onde a sociedade se mobilizou em prol da causa. Veja matéria do jornal O Comércio de Piraju a respeito da iniciativa:
Campanha de Alfabetização de Adultos em Piraju
A Campanha de Alfabetização de Adultos em Piraju teve seu início na reunião dos professores no dia 19 deste, quando o Sr. Joaquim O. S. Camargo, prefeito municipal, expôs aos professores presentes as finalidades da mesma.
Para a realização da nobre tarefa ficou instituída uma comissão, encarregada da divulgação e obtenção do apoio das autoridades e população em geral.
De acordo com a determinação do Governo Federal, imediatamente foram organizadas várias classes das quais duas funcionam no Grupo Escolar Ataliba Leonel.
A partir de amanhã funcionarão mais algumas classes, regidas pelas pessoas da Sociedade Pirajuense, em cujo seio a elevada missão de alfabetização encontrou franca acolhida, devendo ser destacada a ação da professora Ainda Negrão e do Dr. Álvaro S. Gallo, primeiro voluntário pirajuense desta campanha.
O serviço geral de recenseamento está a cargo das alunas da Escola Normal.
O Sr. Joaquim Negrão Machado, proprietário do ônibus “Empresa Ouro Verde”, prontificou-se a fornecer condução gratuita às professoras que lecionarem na Vila Tibiriçá e o Sr. Oscar Ferreira de Campos gentilmente cedeu uma sala para as aulas na Vila Cantizani.
A todas as pessoas que tão generosamente compreenderam o valor da grande Campanha, a comissão encarregada sinceramente agradece.
Fonte: O Comércio de Piraju, 27 de abril de 1947

