Comunistas, anarquistas, socialistas e até integralistas fizeram parte do passado do município
Pesquisa: João Dias Ramos
(Na foto em destaque, Batista de Sanctis, professor socialista que lecionou no Nhonhô Braga)
Em 1º de maio de 1913, três passeatas ocorreram em Piraju para comemorar a data. O evento foi marcado pela presença de anarquistas. Noticiou o jornal “A Lanterna”: “Nesta cidade da Sorocabana foi pela primeira vez ruidosa e publicamente comemorado o 1º de maio. Logo pela madrugada os operários, depois de uma salva de tiros, andaram em passeata pela cidade, precedidos pela Banda Municipal Pirajuense, dirigida pelos Srs. Lauro Barreiros e José Garcia que tocava (…) o hino dos trabalhadores, sendo entusiasticamente recebida em toda a parte”.
O jornal segue o relato, contado que “à tarde repetiu-se a passeata com o mesmo entusiasmo, sendo percorrida novamente a cidade aos vivas do 1º de maio à classe operária, à emancipação social, etc.”.
No fim de tarde, segundo o periódico, um imigrante lituano erradicado em Piraju, chamado Miguel Constantino, chamou a atenção do povo com um “viva” no Largo do Jardim, onde tocava o Hino dos Trabalhadores.
Anarquistas defendiam a organização sindical autônoma, a extinção do Estado, da igreja e da propriedade privada. Curioso pensar que essa celebração política anárquica ocorreu em plena época de Ataliba Leonel. Na certa o figurão estava ausente do município na ocasião!
OCTÁVIO MATIAZZO, UM COMUNISTA EM PIRAJU
Erradicado no Brasil em 1923, o italiano Octávio Matiazzo morou em Cambará por seis meses e depois chegou a Piraju, onde, segundo a edição de 2 de setembro de 1936 do jornal Correio de S. Paulo, “levava vida que dava a desconfiar à polícia”. Os militares suspeitavam que ele fosse agente ou, pelo menos, simpatizante da “doutrina moscovita”.
Em 1935, Matiazzo foi morar em São Paulo, onde trabalhou nas obras de pavimentação da cidade e, junto com outros camaradas, fabricava e distribuía panfletos mimeografados que desagradaram o sistema. O homem acabou preso e deportado. Segundo o jornal, os folhetos do italiano “incitavam o povo a desordem e a propaganda bolchevista”. Na ocasião foi preso o também o “camarada” italiano Ettore Sacchetto.

UM PROJETO QUE NÃO PASSOU DE UM SONHO
Na edição de 24 de junho de 1945 do jornal O Comércio de Piraju, Batista de Sanctis (foto), professor do ginásio Nhonhô Braga, propôs uma grande reforma agrária na fazenda Santo Antônio (popular “fazenda do Estado”). Escreveu o professor: “Meu feitio democrático não se conforma com isso – ficar alguém à margem do progresso, das letras primárias e secundárias, sem aquilo que nos é tão útil para vencermos, como saber ler e escrever”.
Na visão progressista de Sanctis, Piraju tinha uma dívida para com os pobres, que não eram contemplados pelas escolas existentes na época: Ginásio do Estado, Grupo Escolar Ataliba Leonel e Externato Paulista. O professor propunha que a cidade precisava de três escolas técnicas profissionalizantes, sendo uma delas a agropecuária nos moldes soviéticos.
Para Sanctis, defensor do socialismo, os colonos deveriam ser coletivizados: “[os 2780 alqueires de boas terras da fazenda] dão para 100 sitiecos, sem lindeiras de cercados […] e com um núcleo de casas para 500 ao todo […]”.
OS INTEGRALISTAS PIRAJUENSES
Notinha do jornal “A Razão” em 1937 dá destaque para o aniversário de Asdrúbal Pedroso, “operoso chefe da AIB em Piraju”. A Ação Integralista Brasileira, de extrema direita, foi organizada por simpatizantes do fascismo, num movimento que teve Plínio Salgado como líder.
TELEGRAMA DA LIGA NACIONALISTA
A Liga Nacionalista de São Paulo (1917-1922) fazia oposição ao Partido Republicano Paulista (PRP). A liga defendia a causa democrática, o voto secreto e a expansão de escolas primárias.
No ano de 1920, Piraju recebeu um telegrama da Liga Nacionalista comemorando a criação de mais uma escola na cidade.

